outubro 27, 2010

Lisboa by mobile


Ontem fui a uma gráfica em Lisboa e nem passou pela minha cabeça que iria andar por ruelas onde andei e ver um entardecer, em Belém, como este - que tento mostrar mas que não aparece aqui nem como a décima parte da beleza que era. Se tivesse previsto, é claro que teria levado a minha Panasonic.
Já me disseram que como a luz de Lisboa quase não há; talvez a de Istambul (que não conheço... ainda).
Lisboa e o Tejo formam no seu conjunto uma composição de grande beleza: a beira d'água tão perto, os barcos que passam e atravessam o rio para a outra margem, a foz do Tejo e o Atlântico além, o casario, a baixa lisboeta e as colinas do lado de cá - tudo forma um conjunto que a gente não cansa de admirar. Quem atravessa a Ponte 25 de Abril, vindo de Almada, ou vem pela Vasco da Gama, tem essa perspectiva ampla, e sempre, sempre se admira pela perfeita disposição de toda a paisagem. Quem já veio, viu. Quem vier, verá.
Terminámos o dia num barzinho mesmo à beira do rio, com luz de velas sobre a mesa, e um resto de sol depois do mar.

outubro 07, 2010

declaração de amor

3 de outubro - fui votar



À última hora é sempre melhor? Ou isso é uma mania que a gente tem? Será cultural? Quando cheguei à Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, muita gente chegava comigo. Passava das 15.30 e as portas fechariam às 17 horas. Quantas pessoas teriam ido votar de manhã?

Tempo péssimo. Mas nem por isso a paisagem era cinzenta: havia todas as cores.

Ao chegar, me deparei logo com um mural com as listas dos nomes por ordem alfabética. Eu votaria na seção 162. Entrei. Várias filas para trocar a versão antiga do título de eleitor pela nova. Ansiosa, preferi votar logo e só depois vir pra fila da troca.
Pedi informações e soube que teria de virar no corredor à esquerda e descer um lance de escadas. À porta da seção, perguntei logo se poderia votar pra senador e deputados, e fiquei sabendo que seria só pra presidente. Frustração. Como se eu tivesse ido ali pra nada.

Ao entrar na sala, fiquei supresa com quatro mesários para o pouco movimento da seção, mas deve ter sido por esquecimento, por ter ficado alguns anos sem votar, antes de finalmente transferir o meu título. Também senti uma emoçãozinha, não vou negar.

Meu voto deve ter levado uns 3 segundos, sei lá. Tão rápido. Pá-pum. Essa maquininha é mesmo eficaz. E pensar que antes era aquela papelada toda, com tantas possibilidades de fraude.
Acabou. Só isso?

Voltei pro salão, diposta a ficar na fila, a maior, dos nomes que começam com a letra A, e foi aí que tirei a maioria das fotos. Neguinho me olhava desconfiado, o flash incomodando, mas eu mandei ver. Não queria perder aquele instante. Se tivesse levado a máquina boa, teria me animado mais e as fotos teriam ficado mais apresentáveis. Mas levei a máquina velha, e só deu pra isso aí.

Quando saí do prédio, já não chovia, e o vento era pouco. Várias pessoas que também abandonavam o prédio comentavam entre si: "e aí, votou na Marina?" Foi o único nome que ouvi. Explicitamente.

Depois entrei no metrô em direção à estação dos comboios. Hora de voltar pra casa.