Eu adoro chapéus. São a minha vaidade. E olha que nem sou daquelas pessoas que ficam bem com qualquer arranjo que façam na cabeça: um lenço, um coque, um capuz, uma touca, um boné ou um chapéu com abas. Há quem fique uma maravilha. Não é o meu caso: é só porque acho o chapéu um adereço muito interessante. Às vezes paro em frente às vitrines das luvarias (acho igualmente lindas as luvas), onde há também chapéus (ou serão lojas de chapéu onde também vendem luvas?) e fico olhando o talhe de cada um, as fitas ou redes ou laços; os tecidos, os tons, o modo como foram arranjados na vitrine; e por fim olho também os preços... quem sabe me atrevo...Hoje já pouca gente usa. Na minha terra, nem pensar! O inverno lá acabou quando acabou a minha infância. O inverno então era friozinho, e dava até pra usar touca de lã. Foi assim que aprendi a fazer tricô: construindo a minha touca de lã.
Aqui no hemisfério norte ainda se usa bastante o chapéu, e até encontro muitas ofertas em estilos diferentes para ocasiões diferentes. Uma tentação. Já na minha cidade, no hemisfério sul, deve haver uma única loja (a da foto), que eu nem sei como sobrevive! Entrei lá uma vez, e as pessoas que encontrei me fizeram pensar que aquilo é coisa de família, que veio vindo pelas diversas gerações, talvez desde um avô muito antigo, o mais provável imigrante. Saí da loja com a história da família já toda imaginada.Sou assim: uma visitante de lojas de chapéus e de luvas onde teço as minhas histórias e não compro nada.
A mesma Chapelaria Alberto no início do século XX:
