janeiro 31, 2009

Love is a better word



Lisboa.
Hoje C. insistia que eu ficasse aqui de vez; que desfizesse os laços cariocas e me aportuguesasse; ao que eu respondi jamais - com exclamação.
Ele não entende e eu não soube e não sei explicar que gosto é desse lusco-fusco, desse estar entre, de não me decidir por um ou outro lado da margem; gosto de ter os pés aqui e o meu coração pousado lá, ou o contrário; gosto dessa dorzinha, desse desassossego, dessa coisa incompleta por completar-se, dessa interrogação.
Vá lá alguém como C. entender essas coisas.

janeiro 27, 2009

saudade do Brasil



Hoje vou começar a ler "Conversa de burros, banhos de mar e outras crónicas exemplares", da Cotovia.
Pelos cronistas, mas principalmente porque tenho uma saudade danada da minha terra; porque sei que vou me sentir em casa ao reler Drummond, Rubem Braga, Fernando Sabino, Lima Barreto e uns tantos outros.
Porque daqui nem posso ver a constelação do Cruzeiro do Sul.
Porque não quero esquecer o Brasil; nem quero que o Brasil me esqueça.

janeiro 24, 2009

quero ver pela primeira vez

Há pouco eu dizia a S.: a espera comanda os meus dias. E amanhã é ainda mais incerto do que já foi - o que por um lado prefiro, porque prefiro aquela árvore das possibilidades que li no livro do Kundera. Não fosse assim, sufocaria.
Os prazos que defino vão ficando ainda mais curtos, e eu, sempre lenta, sinto que vou no começo enquanto olho à volta e parece que o sentido é outro, e que o começo já foi há muito.
Será que alguém me ensina a não pensar no tempo que encerra um dia? a não me apegar tanto ao fluir da semana e de todo o resto?
Ah, tão bom se me bastasse gozar a existência como outro dia vi alguém fazer: olhar pro já visto e ver pela primeira vez. Fiquei tão comovida que a princípio nem percebi.

janeiro 01, 2009

primeiro dia


Já vamos entrando no meio da tarde do primeiro dia. 2009.
Minha amiga dorme; recobra das últimas horas agitadas.
Arrumei a cozinha, tratei da roupa, e agora é silêncio. Sagrado silêncio. Volto ao trabalho que preciso entregar na segunda. A chuva ameaça ainda.
Mas hoje nada me abala, reconfortada com a companhia e proximidade desta amizade antiga.
E porque sinto o ânimo sereno para enfrentar o tempo novo, que não sei o que trará.