Querem me ver feliz? É, por exemplo, eu ter de estender a roupa no varal. Desde tirá-la da máquina, com aquele cheiro de lavado, depois pô-la na bacia, mais os pregadores, e levar lá pra cima, pro terraço coberto, pro varal coletivo, o varal mais bem situado que conheço - com vista pro Atlântico e pra toda a vila. Um deslumbre a qualquer hora do dia ou da noite. Há sempre que fazer uma pequena pausa e olhar, olhar.
Às vezes é preciso disputar lugar nas cordas: uns trinta metros quadrados pra roupa de cinco apartamentos não é muito.
Hoje em particular foi tão bom, depois de dias e dias de chuva, em que a gente tinha de lavar a roupa pra não acumular; e depois a roupa não secava por causa da intensa humidade, e ficava com aqule cheiro de cachorro molhado …
Mas hoje o sol saiu. Não intenso, porque é sol de inverno, mas bom, e morno o suficiente para, com a ajuda da brisa, secar e deixar frescas as nossas roupas, as meias, as fronhas e os lençóis, as mantas, os tapetinhos do banheiro, e até como novos os belos tênis do vizinho.