dezembro 21, 2008

lugar-comum

Enquanto lia, dava umas boas risadas. A porta aberta da varanda, se o vizinho do prédio em frente me pega em flagrante vai pensar "aquela doida ali rindo sozinha enquanto olha pra uns papéis". Eu sei que tenho de ler com outros olhos. Atentos de outra maneira. Mas o livro é bom, a trama me chama e não consigo deixar de ler aquelas frases sem sentir emoção, ou sem ficar pensando... Volto e releio agora com olhos profissionais - tem que ser. Mas há livros assim, ou partes de livros assim, ou parágrafos assim. Às vezes me calham coisas que eu nem sonhava. E leio frases que nem sonhava. Frases que me fazem pensar "por que não percebi isso antes?..." ou então "afinal não sou... não sou a única pessoa a sentir... coisas que pensei deveriam ser um segredo bem guardado, e afinal todo o mundo...". E é engraçado que não passam de frases, mas agora feitas de palavras vivas, que me alteram os sentidos.
Mesmo sendo trabalho, algumas coisas que leio são mesmo muito libertadoras. E gosto de me descobrir fazendo parte do lugar-comum dos mortais quanto aos sentimentos e medos que toda a vida carrega. Assim as coisas já não explodem e estilhaçam tanto. Ou pelo menos já é possível encontrar as partes espalhadas por aí.

Cascais, 20/7/08

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