dezembro 21, 2008

um dia normal


Ter me mudado pra essa pequena vila está revolucionando a minha visão dos dias, embora eu já suspeitasse de algumas constatações que faço hoje. Do que são dias bons, ou menos bons… Por exemplo, um dia normal pode ser uma das melhores coisas desse mundo.
Ontem e hoje o carpinteiro, o Sr. Daniel, está aqui dando uma ajeitada nas madeiras que enrijeceram com o tempo e precisavam de um afago. Um armário na casa de banho também deu aquele jeito: o secador, a perfumaria, os remedinhos, essas coisas - tudo encontrou o seu lugar.
Hoje é a vez das gavetas da cozinha, antes tão emperradas que mal se conseguia abrir.
E como não pude fazer o almoço em meio a ferramentas e pedaços de madeira e pó pra todo o lado, resolvi almoçar naquele restaurantezinho do Sr. Mário. Ementa: arroz com feijão preto – claro! –, folhas inteiras de couve, deliciosas, e umas carnes que filei do cozido; daquelas que a gente vai esfiapando, hmmm. Também pedi um punhado de farinha pra pôr no feijão (até me perguntaram se eu era baiana – ao que expliquei que herdei esse gosto do lado da família do Maranhão), e só uma taça de vinho branco fresco. Preço único, de modo que a gente pode sempre pôr mais um pouquinho do que quiser.

Depois saio, atravesso a rua em direção a casa e venho pensando.
Pois é, um dia pode ter tantas nuances de prazer. Ver que a casa afinal está ficando arrumada é bom; depois, como foi prático almoçar fora, aqui por perto. Volto pra casa onde um novo trabalho me espera e, mais tarde, conforme a temperatura, penso em dar umas voltas por aí, imaginando talvez a viagem que sonhamos fazer a Cuba.

Um dia normal pode parecer pouco às vezes. Mas não é.

Cascais, 16/5/07

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