novembro 22, 2010

paisagem restrita

Não tenho conseguido escrever nada. Sinto falta. Acho que, como dizem, "a fonte secou"... ou talvez tudo esteja a me passar ao largo, o que é grave; ou ainda pode ser que o panorama não seja inspirador e eu tenha me deixado apenas ficar entre as paredes brancas desse meu pequeno espaço, de onde só observo o sempre renovado varal da vizinha do terceiro andar. Em vez das ruas, das montanhas ao longe, ou do mar que se esconde atrás do prédio da frente, contemplo lençóis, fronhas, toalhas, aventais, as camisas que o marido traz na volta do ginásio, e mais uma infinidade de peças de tecido cheirando a um perfume floral que entra pela minha casa quando abro as portas ao ar da manhã e ao leve sol de Outono.
O trabalho é escasso. O trabalho, que me leva para além das fronteiras desta casa, desta rua, desta aldeia, o trabalho é escasso. Donde me deixo ficar a vislumbrar varais, enquanto há ruas lá fora, há montanhas ao longe, e há o mar atrás do prédio da frente.
No entanto sei que mês que vem ficarão para trás o varal, o prédio, a rua, a aldeia, e este mar pequeno como a minha janela.

2 comentários:

  1. e essa outra janela, mais rasgada para outro mar, é temporária ou definitiva? é que mesmo o teu silêncio faz(-me) falta.

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  2. querido Miguel, por enquanto é temporária - 1 mês
    mas depois não sei... vai ser conforme...

    beijo
    (tô sempre contigo, não duvide :)

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