agosto 16, 2011

do tempo, da falta, do reencontro

Planalto central - Goiás


Todos os anos, quando reencontro minha família, há um desejo de compensar o tempo que não estivemos juntos: anos. Houve tempo em que ficávamos muito mais tempo sem nos ver, e por isso hoje o reconhecimento mútuo, ainda que aconteça, tornou-se mais lento, e limitado, e cheio de surpresas: nos conhecemos e nos desconhecemos. Existem lacunas entre nós que não conseguimos cobrir, e quando há alguma palavra inesperada, ou uma revelação qualquer, tenho de fazer um reset da história que eu criara (e eles também, certamente) para atualizá-la e torná-la mais próxima da história que de fato foi, ou parece ter sido, e que desemboca no que hoje é. Quero agarrar o tempo para ter mais tempo pra nós, mas ele escapa sempre. Quero recuperar o que não foi vivido junto, e isso não é possível. Não chega a ser frustrante, mas há sempre uma tensão entre o que foi perdido e não se recupera e o que agora vivemos, surpreendidos. Surpreendidos porque, apesar das lacunas e das estranhezas, há uma coisa que nos aproxima e nos faz sentir que somos uns dos outros. Simplesmente nos conectamos, e pronto. Palavras não são precisas.
Acho isso um privilégio.

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