março 13, 2012

as casas

Vilhelm Hammershøi [1864-1916], «la danse de la
poussière dans les rayons du soleil», 1900


Vilhelm Hammershøi, «les quatre pièces», 1914



AS CASAS I

As casas vieram de noite
De manhã são casas
À noite estendem os braços para o alto
fumegam vão partir

Fecham os olhos
percorrem grandes distâncias
como nuvens ou navios

As casas fluem de noite
sob a maré dos rios

São altamente mais dóceis
que as crianças
Dentro do estuque se fecham
pensativas

Tentam falar bem claro
no silêncio
com sua voz de telhas inclinadas


Luiza Neto Jorge, «As Casas», Terra Imóvel, 1964
Poesia 1960-1989, Lisboa, Assírio & Alvim, 2.ª ed., 2001

Um comentário:

  1. Lindas, as fotos e o poema.
    Lembrei-me do Carlos D. de Andrade:

    "A casa deve ser o complemento e a negação da rua"

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