abril 30, 2012

em franjas



Nesses últimos tempos, quem dera eu soubesse tocar um instrumento. Acho que não um violoncelo, que apuraria o ruim ainda mais, para pior. Porque o violoncelo, mesmo vibrante, tem sempre um timbre melancólico. Não, não, um violoncelo não me faria bem.  Já o contrabaixo, mesmo sendo cordas (porque toda a situação exige cordas), seria para outra ocasião.
Mas talvez um violino, rascante, aflito, com nervos, aos gritos. Com certeza arrebentariam as cordas: as cordas não resistiriam ao que eu exigiria delas. Nem os vizinhos, que me viriam bater à porta e dizer "pare!". E eu não saberia o que responder. Talvez dissesse: "mas preciso!"
Esses dias têm sido assim: "cordas" em franjas. Mas que só eu ouço.



(foto de João Amaro)

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