©Analu Prestes
Sempre tinha sido assim. Há
muito esperava que o futuro trouxesse a chave para a sua própria charada (houve
tempos em que sim, que teve quase a certeza de ter à mão todas as respostas, mas
depois... não... ainda não); uma questão de tempo e paciência, capacidade de
espera — o que decididamente não tinha. E tudo isso desembocava ora em
turbilhão, ora em passividade expectante. Não era possível que toda aquela vida
que projetara não passasse de um clichê e mais nada.
Agora lembrava-se desse tempo:
ah se então tivesse sabido — (...)
Porque depois houve, sim, todos
aqueles anos — enfim! Os tempos por que tanto ansiara. Foram dias de promessa,
sem dúvida; e de grande risco, mas um risco menor diante da sua certeza que
vinha não sabia de onde: os dias chegaram, os dias por que esperara quase uma
eternidade.
O que resultaria de tudo aquilo, (...) não o sabia nem
pensava nisso. Sentia que todas as suas forças até então dissipadas e dispersas
se reuniam numa única força, e com uma terrível energia se orientavam para um
objetivo ditoso.
Mas. Soube então que tinha
direito a uma fração, apenas; desta única fração teria de criar a substância
toda. Viveria sob um novo enigma, e com este teria de buscar o sentido. Fazer a
massa de si própria.
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