março 26, 2009

com açúcar, com afeto



Com açúcar, com afeto, fiz seu doce predileto
Pra você parar em casa, qual o quê
Com seu terno mais bonito, você sai, não acredito
Quando diz que não se atrasa
Você diz que é operário, sai em busca do salário
Pra poder me sustentar, qual o quê

No caminho da oficina, há um bar em cada esquina
Pra você comemorar, sei lá o quê
Sei que alguém vai sentar junto, você vai puxar
assunto
Discutindo futebol
E ficar olhando as saias de quem vive pelas praias
Coloridas pelo sol

Vem a noite e mais um copo, sei que alegre ma non
troppo
Você vai querer cantar
Na caixinha um novo amigo vai bater um samba antigo
Pra você rememorar

Quando a noite enfim lhe cansa, você vem feito
criança
Pra chorar o meu perdão, qual o quê
Diz pra eu não ficar sentida, diz que vai mudar de
vida
Pra agradar meu coração
E ao lhe ver assim cansado, maltrapilho e maltratado

Como vou me aborrecer, qual o quê
Logo vou esquentar seu prato, dou um beijo em seu
retrato
E abro meus braços pra você

(música de Chico Buarque)

4 comentários:

  1. Lindíssima, né, como tudo do Chico. Mas já notou como a música popular é machista? Emílias, Amélias, Mulheres de Atenas...

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  2. Você falou nisso e por acaso eu também reparei enquanto estava ouvindo... Mas, cá entre nós, a gente bem que faz isso, não faz? adiar o aborrecimento, esquentar o prato e dar um beijo no retrato? :-)

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  3. Humm, talvez a música popular seja machista, mas não acho que Chico seja o melhor exemplo disso, mais bem o contrário. Suas músicas de olhar feminino são ótimas.
    Sobre essa, acho geniais os versos "sei que alegre ma non troppo você vai querer cantar" e todo o "crescendo" da música.
    Beijos

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  4. É verdade, Juan.
    A gente falou isso mais pra implicar com os "outros" do que para dar o Chico como exemplo.
    O Chico é pura delicadeza.

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