
Querida S., eu não ia deixar de falar contigo, ocupada ou não, imagina!
Sim, tenho andado ocupada, não só com trabalho, mas também preparando a casa para receber a minha amiga K. que chega na sexta- feira de manhã e fica uns vinte dias comigo. Fui comprar um armariozinho, na verdade um complemento, com pratelerias, pra pôr as suéteres e outras coisas de inverno, e deixar livre pra ela um meio-armário, mesmo assim com bastante espaço.
Além disso... andei uns dias bem deprimida. Essa época do ano pra mim é fatal. Tomei até umas 'bolinhas' pra me ajudar a sair da crise. Agora estou melhor.
Não é tanto por estar longe fisicamente da família - é curioso, isso - mas sim por ter um profundo sentimento de perda: dos dias bons da juventude (no sentido das expectativas e esperanças em relação ao futuro) - minha e da minha família -, dos meus avós vivos, da casa da minha avó, das ceias de natal que ela fazia... esse tipo de coisa, entende? Perda de um tempo que não volta mais e do tanto que cabia na nossa alma então e que agora já não cabe... E não consigo controlar isso, que se soma à preocupação constante com meus pais idosos.
Bem, apesar de tudo me sinto melhor hoje, e justamente agora estou preparando o meu almoço bem brasileiro, a minha 'comidinha' - ou seja, nada do outro mundo: arroz (o meu é bom!), feijão preto, carne moída bem temperada, brócolis e mais uns legumes. A sobremesa será abacaxi. Que tal?
S., eu não consigo resumir aqui tudo que já tenho dito a você: da minha admiração pela sua força de espírito, pelo seu talento e bom-humor que despontam em meio a todo o resto - isso é que é uma maravilha!
Os nossos nomes continuam aos pés do santo, e se 'algo' existe, que 'ele' então conspire a seu favor, a favor de nós todos. O sucesso dos teus livros, uma casa nova que te aconchegue, trabalho e sobretudo dinheiro, e muita saúde, de corpo e de espírito, é que o desejo pra você nesse virar de ano.
Um beijo muito carinhoso e um abraço apertado.
A.